20 de jul. de 2010

Propaganda no Futuro

19.07.2010 10:00
Sairemos da intrusão para a relevância, afirma Fernando Taralli, da Energy

Em dez anos viveremos no mundo da internet ultrarrápida. Nesse estágio tudo o que conhecemos mudará, a informação será on-demand, as grades de programação deixarão de existir, o conteúdo será acessado de qualquer lugar a qualquer momento.

A grande questão será como a propaganda evoluirá; claramente sairemos do mundo da intrusão para o mundo da relevância. A dispersão será totalmente eliminada, a opinião/interação do usuário será “rei”. Conteúdo, marcas e produtos serão desenvolvidos de forma integrada. Cada inclusão de marca casada ao conteúdo dará ao usuário o controle de se aprofundar no produto, nas opiniões de compradores, no filme de marca. Com isso acabará a distinção entre conteúdo e propaganda, fazendo com que cada impacto de mídia seja integrado ao seu estado de consumo, instantaneamente.

Nesse novo cenário, as marcas passarão a exercer outras funções no cotidiano dos consumidores, como, por exemplo, oferecer opções de entretenimento. Serão produtoras de novelas, seriados, programas de entrevistas e videoclipes e donas de fonogramas. Vão se tornar TV Nike, Rede Casas Bahia de Televisão, Canal Vivo e assim por diante.

Imagine se a Coca-Cola, em vez de colocar Lady Gaga em seus comerciais, fosse a descobridora do fenômeno pop e tivesse sua própria estrutura para o lançamento de seu álbum? Imagine se uma marca de carro, em vez de contratar os melhores diretores de comercial, contratasse os melhores roteiristas de um seriado de TV?

Com a opção de escolhas e interatividade que a internet trouxe, e agora a TV digital, o que se salva é a relevância. Em 2010, os assuntos mais comentados são realidade aumentada, digitalização de coisas, mobile e web instantânea. Ou seja, as ferramentas estão aí, no futuro vão sobreviver somente as marcas que souberem ter relevância sobre elas.

A publicidade também só será apresentada mediante o interesse individual. A fronteira entre físico e virtual acabará e cada interação do indivíduo despertará uma ação da marca individual e relevante. Com isso, vamos eliminar a dispersão do target, potencializando os investimentos em mídia, os quais serão adequados ao desejo de consumo do público-alvo de cada marca. As ofertas poderão surgir proativamente, até a mudança de status dos interesses dos consumidores. Após esse estágio, a mídia poderá ser usada para CRM, em que as marcas poderão abordar compradores leais, sendo que todas essas práticas seguirão as melhores políticas de privacidade.

Outra grande mudança será no diálogo entre marcas/produtos e consumidores. Nos próximos anos viveremos a maximização total dos conceitos da web 2.0. Fato que tornará a gestão das marcas e o relacionamento destas dentro das redes sociais foco imprescindível de toda empresa. Clientes, satisfeitos ou insatisfeitos, hoje já propagam sua boa ou má experiência, influenciando comportamentos de compras. Na próxima década, a previsão é de que cada interação entre uma marca e seu consumidor se tornará uma “notícia”, que poderá se multiplicar em tempo real.

As marcas amadas serão aquelas que, além de agregarem inovações relevantes para seus consumidores, consigam estabelecer uma relação sólida e transparente com seus clientes, transformando-os em colaboradores. Com isso, os consumidores satisfeitos dialogarão com prospects ou clientes insatisfeitos, em nome das suas marcas preferidas. Consumidores comprarão participação nas empresas que apreciam e colaboram, promovendo um círculo virtuoso: empresas são para clientes e poderão ser dos clientes.

Fernando Taralli - presidente da Energy, do Grupo Newcomm
fernando.taralli@energybr.com e no Facebook

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