A nova estrada da internet

05/11/2008 |

Redação

JC OnLine

Estudos indicam que os endereços atuais da web estarão esgotados em 2011. Para continuar navegando, será preciso adotar a tecnologia IPv6 Imagine uma estrada de cinco faixas construída nos anos 70, pensada exclusivamente para carros daquela época e apenas para veículos de passeio. Com o passar dos anos, a estrada (do mesmo tamanho e com a mesma estrutura), vai sendo usada por um fluxo cada vez maior de veículos de todas as espécies: caminhões carregados com a safra do ano, caravanas de veranistas buscando a diversão da praia, os carros dos Correios trazendo e levando correspondências e mais uma quantidade enorme de pedestres caminhando no acostamento. Quase 40 anos após a construção da estrada, que já recebeu vários recapeamentos, sinalizações extras, desvios, extensões e retornos de improviso, só há um pedacinho da última faixa livre. Essa é a internet hoje e, de acordo com especialistas, em 2012 a via estará totalmente tomada. Seguindo o mesmo raciocínio, imagine que, paralela à via quarentona, já esteja disponível uma estrada de largura quase infinita, planejada e pensada para os veículos do século 21, com segurança e organização. Trata-se do IPv6, a sexta versão do protocolo da internet, que substituirá o protocolo atual, chamado IPv4. Segundo um estudo da entidade Registro de Endereçamento da Internet para a América Latina (em inglês, Lacnic), a internet atual só tem espaço para mais três anos de expansão. O que acontece é que a quantidade de endereços IP, o “número de identidade” de cada computador na rede, atualmente é limitada a 4,3 bilhões. Mas de acordo com dados da Organisation for Economic Cooperation and Development (OECD), atualmente 85% dos IPs do mundo já estão em uso. Ainda de acordo com a OECD, com as iniciativas de inclusão digital, mais o aumento de equipamentos conectados, como carros e eletrodomésticos, e ainda banda larga móvel e TV digital, a previsão é que o espaço online se esgote em 2011. A solução é a migração para o IPv6, tecnologia que possibilita 2¹²8 endereços IP, uma quantidade tão grande que especialistas acreditam que a internet nunca mais terá mais problemas com falta de espaço. O desafio é que o IPv6 que já está em uso há cerca de dez anos, ainda é muito pouco usado no mundo, com pouco mais de 72 mil IPs ativados. Desses, 0,4% vêm da América Latina. O Brasil é o segundo país da região em adesão ao IPv6, com 15% das conexões. Na frente está a Argentina, com 23% das conexões.